Meu Passamento

Não veio hoje esta manhã tão pura
De um céu azul e alegremente claro;
Em seu lugar, um vendaval amaro
Acompanhado de uma névoa escura.

E no meu peito, tal qual a sepultura,
O coração ao funeral preparo
De tudo aquilo que me for mais caro
Num cemitério de hedionda agrura

Pois ao morrer, num último gemido,
Na escuridão funérea do meu quarto
Pousado ao meu leito apodrecido

O abutre vislumbra estupefato
Nas faces do meu rosto contorcido
A estranha alegria com que parto.

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