À Minha Mãe

Que amor existe nessas mãos doentes
Que afaga, humilha, manipula e enlaça,
Jogando-nos, coitados, na desgraça
Das mágoas deste mundo dos viventes?

Depois que o útero, em dores contundentes,
Num vômito de alívio nos rechaça
Transforma-nos a todos na carcaça
Que os bichos comerão futuramente.

E logo, nesse hiato que nos reste
Entre a vida e uma morte anunciada
De dores, de tormentos e de peste

Sabei, ó minha mãe equivocada
Que eu não pedi o prêmio que me deste
E não lhe devo, simplesmente, nada…

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